EBITDA, uma métrica justa para avaliarmos empresas e gestões?

EBITDA, uma métrica justa para avaliarmos empresas e gestões?

O trabalho de consultoria em empresas de diferentes regiões e setores, nos traz além de um grande aprendizado, uma permanente reflexão sobre os modelos e culturas estabelecidas no mercado. Testá-los e desafiá-los também é o papel de uma consultoria de sucesso.

Dessa forma, tenho ouvido de alguns clientes um crescente questionamento sobre os números apresentados de EBITDA como forma de avaliação do desempenho da gestão das empresas, assim como para a base de avaliação de seus negócios ou empresas.

É fato que a análise da geração de caixa operacional em uma empresa pelo indicador de EBITDA, oferece-nos uma das melhores visões para entendermos a eficiência de sua gestão e uma justa comparação com empresas do mesmo setor, em qualquer parte do mundo por expurgarmos as diferentes formas de tributação e os impactos das legislações contábeis de cada região.

Dessa forma, valores de contas gráficas como a Depreciação, bem como a Amortização que é uma consequências de decisões extra operacionais e eventuais resultados financeiros, negativos ou positivos, que são provenientes de decisões de gestão de caixa, ficam de fora dessa análise trazendo para a mesma página de comparação, todos os resultados das empresas.

De outro lado, devemos entender que particularidades de algumas operações, podem não refletir com clareza os efeitos da gestão operacional somente com essa análise clássica do EBITDA.

Para empresas intensivas em investimentos na infraestrutura, onde o CAPEX (Investimentos em Ativos) é fundamental para sua performance, podemos encontrar situações de EBITDA’s bastante elevados, porém com resultado de geração de caixa livre ou de Lucro Líquido, próximo a zero.

Este é o caso de algumas empresas nossas clientes, que necessitam de muito ou contínuos investimentos em equipamentos ou infraestrutura para sua operação como ocorre em Fertilizantes, Siderurgia, Metalurgia, Frigoríficos, Automotivos e outros setores intensivos na atualização/incremento de sua estrutura, o que impacta diretamente nos valores de Depreciação da empresa.

Da mesma forma, vale para empresas que são intensivas em capital e que muitas vezes buscam um arranjo de financiamento de seu CAPEX em bancos ou fundos, incrementando substancialmente suas despesas financeiras. O incremento desse endividamento e do fluxo de seu pagamento podem ” quebrar” uma empresa, apesar de ela continuar gerando um EBITDA aceitável para sua avaliação.

Por último, a exclusão dos valores de Impostos (Tax, do ebiTda) da análise de uma empresa também pode não tornar essa avaliação justa, uma vez que a melhor ou pior gestão tributária da empresa, bem como eventuais incentivos regionais ou setoriais que impactam diretamente no caixa de uma empresa, podem não ser refletidos no EBITDA distorcendo as comparações entre empresas de um mesmo setor.

Apesar da boa referência que nos traz um estudo de EBITDA, a experiência e conhecimento do mercado de cada consultoria é fundamental para realizarmos um ajuste fino nos valores, contemplando as particularidades de cada negócio.

E você tem alguma opinião sobre o tema?